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Nutrição Bovina: Mitos e Curiosidades que Você Precisa Conhecer

Campo com pastagem


Quando se trata de alimentar o rebanho, muita gente segue a tradição — mas será que tudo o que se faz há anos ainda faz sentido?

A nutrição bovina é cheia de detalhes técnicos que muitas vezes são ignorados no dia a dia. Feno é comida velha? É melhor dar toda a comida de uma vez ou fracionar? E será que mais proteína sempre significa mais resultado?

Neste artigo, reunimos algumas das dúvidas mais comuns e mitos que rondam a alimentação de bovinos — com explicações práticas, embasadas, e que podem ajudar a evitar erros caros no manejo.


🌾 Mito 1: "Feno é só pasto velho"

Esse é um dos equívocos mais comuns. O feno não é pasto velho — é uma forragem cortada no ponto ideal e desidratada para conservar seus nutrientes.

Quando bem feito, o feno:

  • Preserva fibras e energia importantes para a dieta;
  • Pode ser armazenado por meses sem perder qualidade;
  • Ajuda a manter o funcionamento do rúmen, principalmente em épocas secas.

💡 Dica prática: prefira feno com coloração verde, odor agradável e sem excesso de pó ou mofo. Isso indica boa qualidade e palatabilidade.


🕒 Mito 2: "Alimentar o gado uma vez ao dia é suficiente"

Pode parecer mais prático, mas oferecer tudo de uma vez não é o melhor para os animais. Grandes volumes de alimento consumidos de forma concentrada:

  • Podem causar acidose e distúrbios digestivos;
  • Reduzem a eficiência de fermentação no rúmen;
  • Afetam o ganho de peso e o bem-estar dos bovinos.

A alimentação fracionada ao longo do dia ajuda a:

  • Manter o pH do rúmen estável;
  • Aumentar a digestibilidade;
  • Melhorar o consumo voluntário.

💡 Na prática: se não for possível alimentar mais de uma vez por dia, capriche na qualidade da fibra efetiva (como feno ou silagem) e evite picos de concentrado.


🧂 Curiosidade: O sal tem mais função do que parece

O sal comum (cloreto de sódio) não serve só pra complementar a dieta, ele também ajuda a regular o consumo de outros suplementos.

Muitos núcleos minerais e proteicos são oferecidos com sal justamente pra:

  • Evitar consumo excessivo;
  • Garantir ingestão uniforme no cocho;
  • Melhorar a eficiência do uso dos nutrientes.

⚠️ Atenção: excesso de sal pode causar intoxicação. O ideal é que o consumo de sal fique entre 20 e 60 gramas por 100 kg de peso vivo.


🧪 Mito 3: "Mais proteína = melhor desempenho"

Nem sempre. O excesso de proteína:

  • Aumenta o custo da dieta;
  • Eleva a excreção de nitrogênio (impacto ambiental);
  • Não traz ganhos adicionais quando os outros nutrientes estão em falta.

Cada categoria animal tem uma exigência ideal. Por exemplo:

  • Bezerros precisam de mais proteína para crescer;
  • Novilhas em recria precisam de balanço com energia;
  • Animais em terminação respondem melhor ao aumento energético do que proteico.

💡 Dica: analise o desempenho (como GMD) e ajuste conforme os resultados — nem sempre mais é melhor.


🐄 Curiosidade: A fibra é mais importante do que parece

A fibra "efetiva", ou seja, aquela que estimula mastigação e ruminação, é essencial para manter a saúde ruminal. Ela:

  • Estimula a produção de saliva (que ajuda a controlar o pH);
  • Reduz o risco de acidose;
  • Ajuda a manter o tempo de fermentação ideal no rúmen.

Mesmo em dietas com muito concentrado (como confinamento), a inclusão de fibra de qualidade é obrigatória.


📊 O que fazer na prática?

A chave para uma nutrição inteligente está no monitoramento constante e na adaptação às fases do rebanho.

👉 Algumas dicas práticas:

  • Avalie visualmente a qualidade das forragens e suplementos;
  • Monitore o GMD dos animais periodicamente;
  • Use ferramentas simples (como o Inbov 😉) para registrar o consumo e ajustar as estratégias.


✅ Conclusão: Conhecimento evita prejuízo

Muitos dos mitos sobre alimentação bovina surgem da tradição, mas o conhecimento técnico permite decisões mais acertadas.

Compreender a importância do feno, da frequência de alimentação, da fibra e do equilíbrio nutricional pode fazer toda diferença no desempenho — e no bolso.

💡 E lembre: o simples fato de registrar o que você oferece, acompanhar o desempenho dos lotes e ajustar a dieta já coloca sua fazenda um passo à frente da média.